OPINIÃO: Sinal vermelho da infra-estrutura

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Por Darci Piana (*)

A intensificação da atividade produtiva pressupõe a existência de eficiente infra-estrutura de apoio, que permita obter ganhos em logística, viabilizar vantagens comparativas, reduzir custos, agilizar deslocamento de mercadorias. Essa infra-estrutura contempla a oferta e disponibilidade de energia, de rede de transportes integrada e ágil, de eficiência em comunicações, que beneficiem toda a cadeia produtiva.

 Atualmente, na economia brasileira, identifica-se o aumento da utilização da capacidade produtiva instalada em vários ramos do setor industrial. O empresário, ao elaborar projetos de expansão, toma por referência estudos elaborados por especialistas e entidades relacionadas, quanto à capacidade de suporte da infra-estrutura de médio e longo prazo.

O que se deseja é evitar a reincidência do "apagão", tal qual ocorreu em 2001, que trouxe grandes prejuízos a toda a economia.

Diversos estudos sinalizam o esgotamento da capacidade de atendimento da infra-estrutura brasileira, a medio prazo, se o crescimento da economia atingir 5% ou mais, por dois ou mais anos.

O risco de um gargalo da infra-estrutura poderá gerar uma seqüência de efeitos indesejáveis. Dentre estes podem ser citados: queda na capacidade de geração de empregos; bloqueios à produção com escassez de mercadorias em ramos específicos; elevação de preços. Ou seja, tudo que não se deseja poderá ocorrer diante da insuficiencia de suporte da infra-estrutura. Nada pior para o comércio, que neste ano de 2007 vem apresentando boa recuperação nas vendas, após dois anos de contenção.

Naquilo que depende do governo federal, inexiste um plano estratégico de emergência para o enfrentamento dessas limitações. Um exemplo típico da ausência de estratégias emergenciais é o que ocorreu há alguns dias nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde a Petrobrás reduziu a oferta de gás. O argumento da empresa foi que se viu obrigada a fornecer gás para as geradoras térmicas de energia elétrica, diante da falta de chuvas que havia prejudicado a geração de energia hidráulica. O corte de 17% praticado no fornecimento de gás, prejudicou indústrias e taxistas. Aliás, a Petrobrás havia incentivado as empresas a fazerem a conversão da respectiva estrutura de produção para o gás.

 

Os transtornos verificados constituem uma preliminar do que poderá vir a ocorrer, se providencias imediatas não forem tomadas. Todos tomamos conhecimento dos efeitos adversos da crise na oferta de energia na Argentina durante o inverno desse ano.

Uma alternativa importante é a utilização do transporte hidroviário, aproveitando a extensa disponibilidade de rios, que constituem uma expressiva vantagem comparativa, atualmente sub-aproveitada. Pode-se aí reduzir o consumo de combustível, que poderia ser destinado ao atendimento de outras áreas produtivas da economia brasileira.

É uma questão básica que exige do governo disposição em tomar as providencias e o redirecionamento necessários. Não se pode permitir a uma economia que já passou por um apagão de energia em 2001, possa chegar a algo mais grave no futuro.

Seria dramático para os empresários brasileiros, ter que vivenciar a falta de mercadorias nacionais em decorrência de um apagão na infra-estrutura.

(*) Darci Piana é Presidente do Sistema Fecomércio-PR, Sesc, Senac.

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