PECUÁRIA: Paraná tem rebanho cada vez menor
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O rebanho bovino do Paraná está encolhendo. A constatação vem da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A sondagem contou 9,76 milhões de cabeças em 2006, uma variação negativa de 3,8% em relação ao ano anterior.
Redução pode ser maior - Entidades de classe e consultorias de agronegócio garantem que o efetivo é ainda menor. O Sindicato da Indústria da Carne e Derivados do Paraná (Sindicarne) acredita que nos últimos dois anos o estado perdeu, no mínimo, 500 mil cabeças. Gustavo Fanaya, economista do Sindicarne, diz que a estimativa do IBGE é bastante conservadora. "Se considerarmos que 1/3 do rebanho é gado de leite, atividade que registrou alta em 2007, a redução no número de cabeças de corte foi ainda maior, em torno de 7% a 8% de um total de 6,5 milhões animais."
Redução - Se o dado do IBGE foi considerado moderado, o que dizer então do corte radical promovido pelo indicador Agra FNP, do Instituto FNP? Entre 2005 e 2007, o balanço pecuário da consultoria reduziu o tamanho do rebanho paranaense de 8 milhões para 6,78 milhões de cabeças. As duas fontes também divergem sobre a quantidade de bois e vacas no país. No PPM de 2006, o IBGE calcula 205,88 milhões de bovinos, contra 165 milhões da FNP. A explicação para a margem de 40 milhões de animais estaria nas diferentes metodologias utilizadas.
Diferença de dados - Os números preliminares do Censo Agropecuário 2006, divulgados há uma semana, mostram redução maior que a apontada pelo PPM. Segundo o relatório da pesquisa, considerada a mais abrangente do IBGE mas que ainda deverá sofrer ajustes, o estado tinha 9,15 milhões de bovinos em 31 de dezembro de 2006. No Censo anterior, referente a 1995, foram contadas 9,9 milhões de cabeças. A diferença entre o PPM e o Censo é de mais de 600 mil animais.
Causas - Entre os motivos para ter menos boi no campo está a forte pressão exercida pela cana-de-açúcar, principalmente no Noroeste do estado, e os efeitos da febre aftosa. Em 2005, ano da polêmica do ressurgimento da doença no Paraná, a arroba do boi gordo chegou a ser cotada a R$ 56, mas fechou dezembro a R$ 47. O produtor ficou desmotivado, segurou o animal no campo ou então começou a reduzir o rebanho com o abate de matrizes, lembra Fanaya. Com a redução da oferta, o efeito positivo foi no preço, cotado em dezembro acima dos R$ 70 a arroba.
Recuperação em 2008 - Na avaliação de José Vicente Ferraz, diretor-técnico da FNP, a redução do rebanho deve-se a uma questão lógica e econômica. "Nos últimos anos, houve um desfalque no rebanho, com o abate de matrizes, porque é pouco crível insistir numa atividade que não dê lucro", diz Ferraz. O aumento da oferta pelo corte no efetivo justifica o aumento das exportações, que em menos de 10 anos saltaram de 400 mil para 2,5 milhões de toneladas. O analista prevê, no entanto, uma variação positiva em 2008. Para fazer frente ao ritmo das exportações e ampliar a oferta no mercado interno, "vamos entrar num ciclo de recuperação do rebanho, que já começa a ocorrer, diante a alta expressiva dos preços". (Gazeta do Povo)