Preço do álcool despenca nas usinas mas não chega ao consumidor

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Enquanto nos últimos doze meses as usinas venderam esse produto a valores cada vez mais baixos, os preços ao consumidor fizeram o caminho inverso nos postos de abastecimento. A conclusão a que se chega é que, sem repassar a redução para os consumidores, alguém está lucrando com o álcool. E lucrando muito. Para comprovar que os valores estão caindo progressivamente nas usinas, basta fazer uma consulta aos indicadores de preços realizados semanalmente pela conceituada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, disponíveis na internet através do site "http//www.cepea.esalq.usp.br".

Comparativo - Ali se pode constatar, por exemplo, que há um ano, no período de 10 a 14 de fevereiro de 2003, o litro de álcool hidratado (que vai diretamente no tanque) era comprado a preços médios nas usinas a R$ 0,86205, enquanto o litro do álcool anidro (usado como aditivo à gasolina) podia ser adquirido entre 25 a 28 de março do ano passado por R$ 1,00057. Recentemente, entre os dias 2 e 6 deste mês, o litro do hidratado já era comprado nas usinas por R$ 0,48382, apresentando uma redução de 43,9% sobre o preço de 12 meses atrás. Por sua vez, o litro do anidro era adquirido, no mesmo período, por R$ 0,55690, registrando uma diminuição de 44,3% em um ano. O álcool anidro apresenta-se altamente lucrativo para os comerciantes, que adicionam 25% desse produto à gasolina e comercializam o combustível pelo preço da gasolina pura, sem nenhum desconto.

Lucro dos postos - A lucratividade média dos combustíveis nos postos também pode ser mensurada facilmente, com o auxílio da internet. Basta acessar o site(www.anp.gov.br) da Agência Nacional de Petróleo (ANP). No sitesão demonstrados levantamentos de preços por Estado e até mesmo por cidades, com os valores médios praticados junto aos consumidores e a margem média de lucro obtido. E é possível verificar, por exemplo, que no período de 2 a 7 deste mês os postos da cidade de Maringá foram os que venderamo álcool mais caro no Estado - R$ 1,245 em média, garantindo uma margem de lucro aos seus proprietários de R$ 0,377 por litro.

Margem de lucro - Em municípios próximos de Maringá, como Campo Mourão, o valor médio do álcool nas bombas é de R$ 0,977/litro, com uma margem média de lucro de R$ 0,214/litro. Em Paranavaí, a cotação média do produto nos postos é de R$ 1,100/litro, com margem de lucro de R$ 0,293/litro. Londrina pratica um preço médio de R$1,164/litro, para uma margem de lucro de R$0,322/litro. Em Curitiba, a cotação média do combustível é de R$ 1,186/litro, para uma margem de lucro de R$ 0,303. O maior prejudicado com tudo isso é o consumidor paranaense, que poderia estar utilizando-se de um combustível bem mais barato se a cotação nas bombas espelhasse ao menos uma parte da grande redução havida nos preços pagos aos produtores. Só para efeito de comparação, nas bombas dos postos de abastecimento em todo o Estado de São Paulo, o consumidor pode comprar álcool a valores que ficam na faixa de R$ 0,72 o litro.

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