Programa Fome Zero: Cooperativas iniciam distribuição de comida

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O programa do governo de combate à fome começa a partir desta semana, com a distribuição de alimentos nas cidades do Nordeste e do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passará com seus ministros a partir de sexta-feira. A pedido de Roberto Rodrigues, da Agricultura, 1.600 cooperativas agrícolas resolveram entrar no Fome Zero. Num primeiro momento, cada uma delas irá doar pelo menos um caminhão de alimentos às populações carentes - os veículos carregarão, em média, 15 toneladas de comida. A distribuição será feita regionalmente. Mas está acertado que as cooperativas mais ricas e melhor estruturadas, do Sul e do Sudeste, abastecerão as regiões menos favorecidas.

Outros ramos - Pelas informações obtidas com exclusividade pelo Correio Braziliense a ação dessas organizações não ficará restrita à simples doação de alimentos. ''Vamos trabalhar nos 13 ramos de atividades econômicas que atuamos. Há 8 mil cooperativas no país'', disse o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas.

Transporte - Aquelas organizações que operam com transportes, segundo Freitas, já se comprometeram a cuidar da logística da distribuição. As cooperativas educacionais ficarão responsáveis por promover programas de capacitação profissional e tecnológica nas comunidades assistidas. As do setor de Saúde darão assistência médico-hospitalar aos beneficiados pelas doações. As cooperativas de crédito, por sua vez, desenvolverão projetos de financiamento para pequenos negócios a fim de estimular a geração de renda nas regiões atendidas.

O batalhão do ministro - O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pretende convocar o Batalhão do Campo, do Cooperativismo e do Agronegócio (o que ele chama de BCCA) para assumir papel central no combate à fome. Esse ''batalhão'' é da pesada. Responde, atualmente, por 25% do Produto Interno Bruto (PIB), por 37% de todos os empregos do país (formais e informais) e por 41% das exportações brasileiras. Por isso, Rodrigues quer todas as entidades ligadas ao agronegócio no Fome Zero. O argumento do ministro é o de que, ao se resgatar cidadãos que hoje estão à margem do consumo, poderá se ampliar a venda de máquinas e implementos agrícolas, além da produção de adubos e de defensivos químicos, sem falar na venda de sementes.


Participação voluntária - O ministro não quer, porém, ditar como se dará o engajamento do setor. No encontro que terá hoje com o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio de Freitas, ele receberá sugestões das cooperativas. Rodrigues e Freitas admitem que não é a primeira vez que o país assiste a promessas de erradicação da miséria. Segundo o ministro, entretanto, o Brasil está diante de uma oportunidade única de transformar a retórica dos discursos em realidade. ''Lados que até ontem eram antagônicos (referência ao PT e aos ruralistas) estão agora posicionados do mesmo lado na viabilização de um pacto social que junte trabalho e capital num esforço conjunto para desamarrar os nós do subdesenvolvimento'', disse. Em seguida, citou uma frase do médico e cientista social Josué de Castro: ''Dois terços da humanidade não dormem porque têm fome e um terço não dorme porque tem medo dos dois terços que não comem''. (Fonte: Correio Braziliense)

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