PROJETO BIOMAS: Agronegócio de mãos dadas com a preservação ambiental
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Com investimentos na ordem de R$ 20 milhões para os próximos nove anos, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançaram, na semana passada, em Brasília, o Projeto Biomas. Trata-se de uma iniciativa inédita no mundo, a qual permitirá ao Brasil manter a liderança global na produção agropecuária ao mesmo tempo em que promove a preservação ambiental.
Discussões - Há quatro meses tiveram início as discussões entre a diretoria da CNA e a equipe de pesquisadores da Embrapa Florestas, de Colombo (PR), que vai liderar o projeto, o qual prevê a criação e manutenção de seis unidades demonstrativas, com 500 hectares cada, nos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Presente em 98% do território paranaense, a Mata Atlântica é o bioma mais devastado no Brasil hoje: apenas 26,9% dos 111.018.200 hectares da floresta são originais.
Ecossistemas - Unidade de paisagem que pode ser grafada em mapa, compreendendo fauna, flora, clima, rocha, relevo, solo, um bioma, independente da sua extensão geográfica, possui inúmeros ecossistemas, os quais assumem dinâmicas específicas que devem ser bem caracterizadas e interpretadas para que nele possam ser inseridos sistemas produtivos sustentáveis que garantam a qualidade ambiental.Estudos específicos - Na primeira fase do projeto estão inclusos estudos específicos para todos os seis biomas brasileiros e as soluções apontadas levarão em conta as exigências das legislações estaduais e federais, característica inédita da ideia. ''Além de promover a pesquisa, o objetivo é construir soluções práticas que permitam ao homem do campo recuperar áreas frágeis das propriedades rurais e, ao mesmo tempo, gerar renda'', resume a presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu. Para ela, esse novo modelo, que alia produção e preservação, será indispensável para o posicionamento brasileiro no mercado internacional.
Sustentabilidade - ''Sustentabilidade será um requisito fundamental para que o agronegócio nacional conquiste novos mercados. É uma exigência do consumidor'', destaca a senadora, que planeja, para um futuro próximo, a implantação de selos de qualidade para cada etapa da cadeia produtiva de alimentos do País, que culminará num selo maior, de alimento seguro.
Parcerias - Ainda na primeira etapa, serão formadas parcerias com instituições de pesquisa públicas e privadas com o intuito de pulverizar os estudos pelo País. Este trabalho envolverá mais 240 pesquisadores, que irão capacitar mais 350. Já o diagnóstico regionalizado, em um segundo passo, permitirá identificar as potencialidades e fragilidades das paisagens rurais em cada bioma para, em seguida, implantar uma rede de experimentação nacional, em áreas que vão operar como projetos-piloto.
Único - ''É o único projeto do tipo em andamento no mundo, pois nenhum outro país está propondo recuperar o passivo de anos de destruição ambiental'', completa a presidente da CNA, justificando que a ideia de recorrer à pesquisa surgiu da necessidade de ''trazer juízo e equilíbrio para o conflito entre ruralistas e ambientalistas, que já se arrasta por 13 anos''. ''Razão será indicada pela ciência e o País sairá fortalecido: terá sua água protegida, sua mata preservada e sua produção de alimentos garantida, pois meio ambiente é bandeira de todos'', finaliza Kátia Abreu. (Folha Rural / Folha de Londrina)