QUEDA DO DÓLAR: Gallassini alerta para conseqüências ao agronegócio

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A queda acentuada do dólar frente ao real pode inviabilizar os setores exportadores. A opinião é do presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, que manifestou preocupação com as dificuldades que ainda poderão surgir para o agronegócio se a trajetória do câmbio continuar em declínio. “O governo acena com a possibilidade de compensação através da redução dos encargos. Mas é preciso critérios para que essa diminuição favoreça às cooperativas, que possuem tratamento tributário diferenciado e podem ficar desprovidas desse benefício”, alertou. Gallassini esteve nesta segunda-feira (21/05) na sede do Sistema Ocepar para uma reunião com o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, e o superintendente José Roberto Ricken. De acordo com o dirigente da Coamo, mais uma vez a agricultura foi prejudicada pela valorização do Real. “Os produtores compraram insumos com o dólar cotado em média a R$ 2,20 e agora as vendas da safra acontecem num cenário instável, com a moeda norte-americana sendo negociada a R$ 1,94”, comparou. “As margens do setor agropecuário há muito estão no limite. Não há espaço para mais redução”, lembrou.

Juros - Para Gallassini, a saída mais eficaz para frear a desvalorização do dólar é reduzir os juros, com cortes maiores na taxa Selic. “Algo precisa ser feito para modificar esse cenário de incertezas. Mesmo que num primeiro momento a valorização do real pareça positiva para o país, a longo prazo terá conseqüências graves, inviabilizando setores exportadores com reflexos em toda a economia”, disse. Em 2006, as cooperativas paranaenses exportaram US$ 850 milhões.

Plano Safra - O anúncio do Plano Safra é aguardado com expectativa pelo setor cooperativista. “Estamos esperando a definição do Governo Federal no que diz respeito também à redução de juros de custeio e investimento. Os recursos previstos podem subir para R$ 90 bilhões, o que é positivo. Mas a liberação precisa ser ágil, para que as cooperativas possam preparar os projetos de financiamento de seus cooperados”, afirmou. Em 2006, o governo destinou R$ 60 bilhões ao Plano Safra. Segundo Gallassini, a tendência é de que haja uma manutenção da área plantada verificada na safra passada. “É possível que tenhamos um equilíbrio no volume de produção do milho e da soja”, estimou.

Fertilizantes - Como dificuldade adicional ao setor produtivo, a elevação do preço dos fertilizantes e de alguns herbicidas deverá pressionar os custos da próxima safra. “No ano passado, tivemos uma queda substancial nos custos de produção, em torno de 27%. Esse cenário não deverá se repetir em 2007, por conta da alta dos insumos”, disse. Os fertilizantes, produtos importados, estão tendo uma valorização no mercado internacional. “O impacto será maior em regiões que já têm despesas maiores em logística, por exemplo, como é o caso do Centro-Oeste”, avaliou.

Investimentos - De acordo com o dirigente, a Coamo deverá investir em 2007 cerca de R$ 60 milhões, recursos que serão voltados ao aumento da capacidade de armazenagem dos entrepostos e da capacidade produtiva das indústrias da cooperativa, além de modernização de equipamentos e logística. “Nossa área de ação já está sendo bem atendida. Dessa forma, podemos focar com precisão os setores que devem receber repasses maiores”, concluiu Gallassini.  Maior cooperativa da América do Sul, a Coamo tem cerca de 20 mil cooperados, gera quatro mil empregos diretos e faturou R$ 2,66 bilhões em 2006, com previsão de faturamento para 2007 de R$ 3,2 bilhões.

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