RASTREABILIDADE: Força-tarefa Sisbov vai entrar em ação
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O Ministério da Agricultura vai passar um pente-fino nas informações do Sistema e Rastreabilidade de Bovinos (Sisbov) e, para isso, formou uma força-tarefa com 89 fiscais do governo federal e dos Estados. A maior parte do grupo, 79 técnicos, fará vistorias nas fazendas e nas empresas responsáveis pela certificação da carne exportada para saber se as regras acertadas com a União Européia (UE) e com outros países que compram carne do Brasil estão sendo seguidas. Outros 10 funcionários trabalharão em Brasília, reavaliando as informações remetidas pelos técnicos que ficarão nos Estados. O governo estuda até a possibilidade de passar das empresas certificadoras para as secretarias de Agricultura dos Estados a tarefa de avaliar a carne a ser exportada.
Força-tarefa - A criação da força-tarefa Sisbov é uma tentativa do governo de dar credibilidade a um sistema que foi colocado em xeque depois das críticas da União Européia e das declarações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que na quarta-feira admitiu, em audiência no Senado, que frigoríficos brasileiros exportaram carne de animais não rastreados para a Europa. Stephanes chegou a afirmar que a situação das certificadoras era um "escândalo". O trabalho das certificadoras, que são empresas credenciadas pelo governo, é atestar que os animais comprados pelos frigoríficos exportadores atendem às exigências dos mercados consumidores, ou seja, verificar se os pecuaristas criaram seus rebanhos de acordo com uma série de regras, que vão desde a alimentação (incluindo o controle da água oferecida ao gado) e vacinação dos animais até a comprovação de movimentação dos rebanhos nas propriedades.Com os problemas enfrentados com a União Européia, elas entraram na mira do governo, que promete agora submetê-las a auditorias periódicas.
Falhas - Auditorias feitas recentemente pelo ministério indicaram todo tipo de falhas no trabalho das certificadoras, disse uma fonte que acompanhou as operações. "Encontramos de tudo no banco de dados das empresas, desde a falta do número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do proprietário da fazenda até a ausência de documentos sobre a movimentação dos animais, o que é muito grave", relatou a fonte. Essa primeira auditoria resultou no corte de 20 certificadoras da lista de 71 empresas autorizadas. Algumas empresas, no entanto, obtiveram liminares judiciais para continuarem na lista de entidades credenciadas pelo governo. Para fontes do Ministério da Agricultura, a declaração do ministro sobre a venda de carne não rastreada para a União Européia não deve ter influenciado a decisão do bloco de rejeitar, pela segunda vez, a lista de fazendas apresentada pelos representantes brasileiros. "Os europeus sabiam disso. O ministro Stephanes fez a declaração com base nas auditorias e nos relatórios enviados pelos técnicos do bloco", disse. (O Estado de S. Paulo)