Roberto Rodrigues, no Globo Rural

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O futuro ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em entrevista concedida ao programa Globo Rural deste domingo, fez uma previsão otimista do comportamento da agricultura no novo governo. Entrevistado pela repórter Ana Dalla Pria, afirmou que “o Presidente Lula disse que considera que a Agricultura é um setor capaz de gerar emprego nos Brasil, produzir excedente exportáveis, para melhorar o saldo comercial da balança brasileira e ainda organizar o interior brasileiro sobre o concerto das cooperativas. Então ficou muito claro que a Agricultura é a alavanca no progresso do país. Um dos pontos mais importantes propostos por Lula é o programa de segurança alimentar, o Fome Zero. Não se combate a fome sem comida. A sintonia que existe entre os nossos discursos é o seguinte: Você não vai matar a fome sem comida, e não vai fazer comida sem produção agrícola”. Veja outros trechos da entrevista:

Programa renda mínima – “Suponha que o produtor de algodão no Ceará tenha dez hectares e que deva ter, para ser viável à sua atividade, uma renda mínima de 5 mil reais por ano. E a seca foi muito grande ou os preços caíram muito, e ele teve uma renda de 4 mil reais. O fundo da renda mínima vai lá e dá um cheque de 500 reais, o que é permitido até pelas regras da OMC. De onde vem esse dinheiro? Parte do tesouro nacional, parte de tributação compensatória de produtos importados subsidiados na origem e parte no ano em que o produtor teve 6 mil de renda bruta e não 5 mil sobre essa diferença ele também paga um percentual para garantir o seu fundo de renda mínima”.

Geração de emprego e meio ambiente – “Temos que ampliar a produção rural, porque cada hectare cultivado com qualquer atividade agrícola gera um emprego na atividade e mais um emprego na cadeia produtiva, nas cidades, nos portos, nos bancos, nas empresas de serviços, nos supermercados. O Brasil cultiva 56 milhões de hectares. Ainda tem mais 90 milhões de hectares sem tocar um metro quadrado da Amazônia. Produzir com respeito à natureza e ao ser humano é uma exigência cada vez maior no mercado internacional. A agricultura brasileira precisa estar preparada para essa equação, sem perder a produtividade”.

Reforma agrária – “A reforma agrária, que tem um sentido social importante, já que a exclusão no campo nos últimos anos foi brutal em função de erros de políticas públicas nos últimos 20, 30 anos, tem que ser feita desta forma: com respeito pela perspectiva de sustentabilidade do assentado. Ou seja: renda. E para isso é indispensável a sua organização em cooperativas já existentes, com seus produtos claramente focados, com os instrumentos todos de comercialização, de crédito e planejamento já exercitados previamente”.

Tributação dos alimentos - “Lula, visitando na campanha os setores ligados à produção de açúcar, cana e álcool, firmou a posição de defesa do Pró-Álcool, tendo em vista a redução de importação do petróleo e a geração de mais empregos neste setor, que é importantíssimo para o agrobusiness brasileiro. A expectativa é de retomada, o que implica em uma nova conversação com a indústria automobilística. No caminho de volta à sede, em frente ao parque de máquinas da fazenda, doutor Roberto Rodrigues se inflama ao comentar um dos nossos maiores problemas: o subsídio agrícola nos países ricos, que chega perto de 1 bilhão de dólares por dia”.

Acesso aos mercados – “O grande problema do mundo contemporâneo é a diferença entre ricos e pobres. É um desafio da humanidade. Essa diferença gera uma exclusão que ameaça a democracia e paz no mundo inteiro. Governos dos países desenvolvidos terão que abrir seus mercados agrícolas. O acesso a mercados agrícolas dos países desenvolvidos por parte dos países em desenvolvimento é um instrumento que defende a democracia do mundo inteiro”.

Daqui a quatro anos – Convidado pela repórter para imaginar como estará a agricultura daqui a quatro anos, ao final do governo Lula, Rodrigues afirmou: “Gostaria de dizer que o Brasil, que hoje tem menos de 3% do comércio mundial de produtos agrícolas, passa a ter 5%. De dizer que a renda rural brasileira dobrou em quatro anos. Que nós ocupamos a fronteira agrícola de mais 20 milhões de hectares. Que atraímos capital externo e que conseguimos fazer um grande programa de agregação de valor. De dizer que o cooperativismo, que hoje tem 5 milhões de associados no Brasil, teria 8 milhões e que as cooperativas de crédito transformaram-se no grande elemento da alavancagem do crédito brasileiro. Gostaria de dizer que a agricultura carregou o Brasil para o primeiro mundo, como um país muito mais justo, muito mais decente, com renda muito mais bem distribuída”.

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