Roberto Rodrigues, no Globo Rural
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Programa renda mínima – “Suponha que o produtor de algodão no Ceará tenha dez hectares e que deva ter, para ser viável à sua atividade, uma renda mínima de 5 mil reais por ano. E a seca foi muito grande ou os preços caíram muito, e ele teve uma renda de 4 mil reais. O fundo da renda mínima vai lá e dá um cheque de 500 reais, o que é permitido até pelas regras da OMC. De onde vem esse dinheiro? Parte do tesouro nacional, parte de tributação compensatória de produtos importados subsidiados na origem e parte no ano em que o produtor teve 6 mil de renda bruta e não 5 mil sobre essa diferença ele também paga um percentual para garantir o seu fundo de renda mínima”.
Geração de emprego e meio ambiente – “Temos que ampliar a produção rural, porque cada hectare cultivado com qualquer atividade agrícola gera um emprego na atividade e mais um emprego na cadeia produtiva, nas cidades, nos portos, nos bancos, nas empresas de serviços, nos supermercados. O Brasil cultiva 56 milhões de hectares. Ainda tem mais 90 milhões de hectares sem tocar um metro quadrado da Amazônia. Produzir com respeito à natureza e ao ser humano é uma exigência cada vez maior no mercado internacional. A agricultura brasileira precisa estar preparada para essa equação, sem perder a produtividade”.
Reforma agrária – “A reforma agrária, que tem um sentido social importante, já que a exclusão no campo nos últimos anos foi brutal em função de erros de políticas públicas nos últimos 20, 30 anos, tem que ser feita desta forma: com respeito pela perspectiva de sustentabilidade do assentado. Ou seja: renda. E para isso é indispensável a sua organização em cooperativas já existentes, com seus produtos claramente focados, com os instrumentos todos de comercialização, de crédito e planejamento já exercitados previamente”.
Tributação dos alimentos - “Lula, visitando na campanha os setores ligados à produção de açúcar, cana e álcool, firmou a posição de defesa do Pró-Álcool, tendo em vista a redução de importação do petróleo e a geração de mais empregos neste setor, que é importantíssimo para o agrobusiness brasileiro. A expectativa é de retomada, o que implica em uma nova conversação com a indústria automobilística. No caminho de volta à sede, em frente ao parque de máquinas da fazenda, doutor Roberto Rodrigues se inflama ao comentar um dos nossos maiores problemas: o subsídio agrícola nos países ricos, que chega perto de 1 bilhão de dólares por dia”.
Acesso aos mercados – “O grande problema do mundo contemporâneo é a diferença entre ricos e pobres. É um desafio da humanidade. Essa diferença gera uma exclusão que ameaça a democracia e paz no mundo inteiro. Governos dos países desenvolvidos terão que abrir seus mercados agrícolas. O acesso a mercados agrícolas dos países desenvolvidos por parte dos países em desenvolvimento é um instrumento que defende a democracia do mundo inteiro”.
Daqui a quatro anos – Convidado pela repórter para imaginar como estará a agricultura daqui a quatro anos, ao final do governo Lula, Rodrigues afirmou: “Gostaria de dizer que o Brasil, que hoje tem menos de 3% do comércio mundial de produtos agrícolas, passa a ter 5%. De dizer que a renda rural brasileira dobrou em quatro anos. Que nós ocupamos a fronteira agrícola de mais 20 milhões de hectares. Que atraímos capital externo e que conseguimos fazer um grande programa de agregação de valor. De dizer que o cooperativismo, que hoje tem 5 milhões de associados no Brasil, teria 8 milhões e que as cooperativas de crédito transformaram-se no grande elemento da alavancagem do crédito brasileiro. Gostaria de dizer que a agricultura carregou o Brasil para o primeiro mundo, como um país muito mais justo, muito mais decente, com renda muito mais bem distribuída”.