Sem Parmalat, Batávia volta a crescer
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Faturamento da empresa paranaense cresceu 26% até agosto em relação ao ano passado. Depois de conseguir excluir a Parmalat como sua acionista majoritária por meio de uma decisão da Justiça, a Batávia trabalha agora para reforçar sua presença no mercado de derivados lácteos. A empresa reassumiu a distribuição dos seus produtos, mudou o mix das suas duas fábricas e voltou a crescer. "De janeiro a agosto o faturamento aumentou 26% em relação ao ano passado e conseguimos melhorar significativamente nossa geração de caixa", comemora José Antonio do Prado Fay, diretor geral da Batávia S.A. Indústria de Alimentos. A expectativa, se for mantido esse ritmo, é fechar o ano com crescimento de 30% sobre o faturamento de 2003, de R$ 500 milhões. "Nós fizemos nossa lição de casa e o mercado está em franca recuperação, embalado pela melhoria dos níveis de emprego e renda". O objetivo principal é ampliar a participação das marcas Batavo e Parmalat em derivados lácteos. Juntas, as duas detêm 15% do mercado e ocupam o terceiro lugar, atrás de Nestlé e Danone. A meta é chegar a 20% em três anos.
Novos produtos - Como parte dessa estratégia, a Batávia colocou o pé no acelerador na sua política de lançamentos. Para 2004, estão programados 40 novos produtos, com investimento total de R$ 4 milhões em desenvolvimento e divulgação, com foco em itens de maior valor agregado, como sobremesas e leites especiais. Entre as novidades estão uma versão light do achocolatado Choco Milk, o lançamento do leite Sensy, que tem baixo teor de lactose, e a ampliação da linha de sobremesas caseiras. Líder na Região Sul, onde chega a ter mais de 45% de participação em alguns produtos, como o Choco Milk, a empresa aposta na ampliação no número de pontos-de-venda - são 30 mil em todo o país -, em especial em regiões como Norte e Nordeste. "O consumo está concentrado nas regiões sul e sudeste, mas há espaço para crescimento nessas regiões", diz.
Processo judicial - Com sede em Carambeí (PR), a Batávia é uma das maiores operações da Parmalat no Brasil. A partir do ano passado, a indústria passou a concentrar toda a produção de derivados lácteos destinada aos mercados do Centro-Sul do País. A unidade recebeu R$ 7 milhões em investimentos, aumentou a área construída para 21 mil metros quadrados e duplicou a produção. A expansão, no entanto, foi atropelada pela crise financeira da companhia italiana. "A Parmalat passou a significar um risco para a Batávia, que começou a ter sérias restrições de crédito junto aos bancos", afirma Marcelo Bertoldi, advogado que conduziu o processo judicial contra a Parmalat.
Cooperativas - A primeira notícia favorável veio em janeiro desse ano, com uma liminar destituindo a Parmalat da sociedade. A Batávia foi formada em abril de 1998, quando a Parmalat associou-se à Cooperativa Central de Laticínios do Paraná (CCLPL) e à catarinense Agromilk. Na época, o controle acionário ficou com a multinacional italiana, que detinha 51% da operação. A CCLPL ficou com 45,5% e a Agromilk, com 3,5%. Em junho, uma outra liminar autorizou para a Batávia continuar a usar a marca Parmalat nos produtos. Do mix de mais de 300 itens da indústria, cerca de 35% levam a logomarca da companhia italiana. "A marca tem seu mercado e isso não tem nada a ver com os problemas enfrentados pela Parmalat", afirma Fay. Embora os processos ainda estejam sendo questionados pela Parmalat na Justiça, a Batávia segue com seus planos de expansão. Com a liminar judicial, a Parmalat perdeu participação nas decisões de gestão da empresa, que foram assumidas pela CCLPL - formada pelas cooperativas Arapoti, Batavo e Castrolanda.
Logística - Uma das principais mudanças foi realizada na área de logística. A Batávia assumiu a distribuição dos seus produtos no Brasil, até então compartilhada com a companhia italiana. A alteração, segundo Fay, possibilitou um corte de 15% no custo logístico, o que representou um impacto de 3% sobre o faturamento líquido. "Antes os nossos produtos tinham que seguir até os centros de distribuição da Parmalat. Agora os pontos de saída são as próprias fábricas". As duas unidades de produção da Batávia, localizadas em Carambeí (PR) e Concórdia (SC), também tiveram mudança no mix de produtos. A empresa transferiu para a fábrica paranaense as linhas de manteiga e de doce de leite que eram feitas da unidade de Concórdia (SC), que passou a se concentrar exclusivamente na produção de leite.
Números - A Batávia processa por mês 18 milhões de litros de leite, em uma cadeia que leva 12 dias desde a produção do leite até a colocação do produto nas gôndolas. Do seu portfólio de produtos, 70% são da área de refrigerados e 30% do setor de leite. A indústria teve origem em 1961, com a criação do grupo Batavo por imigrantes holandeses instalados em Carambeí e Castro, na região dos Campos Gerais. A empresa emprega hoje 1,7 mil funcionários. (Gazeta Mercantil)