TECNOLOGIA: Mais potência em menos máquinas

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O Paraná tem 10.789 tratores a menos que há dez anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A redução, que corresponde a 8,85% da frota, ocorreu, curiosamente, numa época de expansão da agricultura. Entre 1995 e 2006, segundo o próprio IBGE, as lavouras do estado passaram de 5,10 milhões para 8,09 milhões de hectares, um aumento de 58,63%. Essa contradição encontra uma série de explicações. A mais aceita atribui a diminuição do número de tratores no campo ao aumento da potência das máquinas.

Produtor manteve máquinas - O produtor não se desfez de máquinas por causa de dívidas ou pela crise na produção registrada entre 2004 e 2006, avalia o assessor técnico-econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Carlos Augusto Albuquerque. Ele atribui a retração ao aumento da produtividade dos equipamentos e ao uso cada vez maior da tecnologia pela agricultura. "O mais provável é que estejam sendo usadas máquinas mais potentes e com maior produtividade. A crise de 2004 a 2006 foi brutal, mas o número de tratores se manteve nessa época. Até houve um sucateamento das máquinas. Porém, isso não apareceria de forma tão violenta nos números do IBGE." Para Albuquerque, o quadro é positivo.

Plantio direto - Ele considera ainda que atualmente a produção agrícola exige menos máquinas devido à expansão do plantio direto. Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, o estado cultiva 5 milhões de hectares de lavouras sem remexer o solo, o que dispensa o uso de arados e tratores. Essa área teria se expandido gradualmente nos últimos 30 anos e invertido a tendência de ampliação do número de máquinas a partir de 1995, quando a frota da agropecuária do Paraná chegou a 121.827 unidades.

Evolução das máquinas - A redução do número de tratores - registrada pela primeira vez no Brasil e no Paraná - também é vista como um sintoma da evolução das máquinas pelo governo do estado. "Os tratores estão muito mais potentes e podem atender a mais de uma propriedade", afirma o secretário da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini. Mesmo assim, Bianchini considera que os produtores precisam de mais máquinas, principalmente os familiares. A intenção do governo do Paraná é facilitar o financiamento de 4 mil tratores a pequenos produtores por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) até 2010. Essa medida teria o potencial de beneficiar mais de 300 mil pessoas que vivem no campo.

Números - O coordenador do Censo Agropecuário no Paraná, Jorge Mryczka, afirma que as máquinas estão atendendo mais de uma propriedade. Ele explica que as estatísticas não investigam o que os produtores fizeram com as máquinas antigas. Elas podem ter sido repassadas para o mercado de usados ou vendidas como ferro velho, por exemplo.  Até 1995, o número de tratores era crescente. Havia 20.481 unidades a mais que em 1985. Foi o ano em que o estado registrou o maior número de máquinas agrícolas. O número atual ainda está bem acima do verificado há 30 anos. No início da década de 70, segundo o IBGE, os agricultores paranaenses tinham apenas 18.619 tratores e, em 1975, 52.948.

Renovação da frota é lenta - Se depender das expectativas dos vendedores de máquinas agrícolas, a frota voltará a crescer em 2008. As vendas passaram de 25,7 mil para 38,3 mil em âmbito nacional entre 2006 e 2007. No Paraná, tinham sido vendidas 2,1 mil unidades em 2006. O número estadual referente a 2007 só deve ser divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em fevereiro. No entanto, a entidade adianta que o estado manteve sua proporção, o que significa que as vendas chegaram perto de 3 mil. Agora a previsão é que os números do ano passado sejam superados em aproximadamente 15%.

Fabricantes - Considerando a frota de 111.038 mil, a renovação fica entre 2% e 3% ao ano, taxa considerada baixa pelos fabricantes. A Anfavea defende que as vendas nacionais precisariam estar acima de 50 mil ao ano para que a agricultura brasileira fosse renovando seu maquinário aos poucos. Os fabricantes possuem estatísticas sobre a idade dos veículos em circulação, mas não as divulgam. O IBGE não possui dados sobre quando os veículos contados no Censo 2006 foram adquiridos. (Gazeta do Povo)

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