TRIGO I: Setor produtivo cobra salvaguardas para o trigo nacional
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{gallery}noticias/2010/Dezembro/29/20101229151150/{/gallery}A falta de mercado para o trigo está tirando o sono dos produtores brasileiros. Apesar do aumento da produção e da melhora significativa da qualidade do grão, até o mês de dezembro apenas 35% da safra nacional foi comercializada, volume abaixo do esperado pelo setor produtivo. A dificuldade nas vendas desestimula os agricultores e contraria a ideia de que o Brasil precisa buscar a autossuficiência na produção do trigo. A demanda interna pelo grão é praticamente o dobro do que o país produz. Os estados do Sul são responsáveis por 90% da safra de trigo brasileira. O Paraná é o maior produtor do País e colheu 3,37 milhões de toneladas em 2010, o que corresponde a quase 60% das 5,7 milhões de toneladas da produção nacional. Para suprir a demanda, o Brasil importa de países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos e Canadá.
Importação - O que deveria ser uma ação para complementar a oferta do produto no mercado interno, no entanto, se transformou numa grande dor de cabeça para quem planta trigo no Brasil, já que as indústrias nacionais estão privilegiando a compra do produto no mercado externo. No período de janeiro a novembro de 2010, foram importadas 5,8 milhões de toneladas do produto. A preferência pelo trigo importado ficou ainda mais evidente entre os meses de agosto e novembro, pleno período de safra. Nestes meses, as importações aumentaram 29% em comparação a igual período de 2009. Somente no mês de setembro o Brasil importou 545 mil toneladas, 48 % a mais em relação a setembro de 2009. "A entrada descontrolada do trigo importado traz sérias consequências de liquidez ao produtor nacional. As vendas estão num ritmo bastante lento e somente estão ocorrendo por meio dos leilões de PEPs (Prêmio de Escoamento de Produção) ou então porque o produtor necessita pagar dívidas com fornecedores", diz o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski.
Garantias de renda mínima - Segundo o dirigente, somente uma intervenção do governo pode solucionar o problema com a falta de liquidez do trigo. Preocupado com o ritmo lento de comercialização do cereal, Koslovski afirma ainda que é clara a necessidade do governo intensificar as ações que garantam liquidez mas com renda mínima ao produtor. Desde setembro, por exemplo, os preços pagos ao produtor para a saca de 60 quilos do trigo da classe melhorador é de R$ 24,80, valor abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo que é de R$ 28,62. "É preciso apoiar a comercialização, por meio de mecanismos de garantia de preço e suporte nas vendas, bem como é necessário ofertar recursos para custeio e seguro rural", completa o dirigente. Outra salvaguarda revindicada pelo setor produtivo é a definição de instrumentos que regulem a importação. "Precisamos de mecanismos que cerceiem a ação predatória externa de importação de trigo, que tem prejudicado os nossos produtores. Também propusemos o diálogo permanente com o governo federal para solucionar os gargalos que dificultam o desenvolvimento da nossa triticultura", disse Koslovski.
Evasão de divisas - Na avaliação do setor produtivo o estabelecimento de uma política de proteção à produção nacional é uma questão de segurança nacional, pois evita a perigosa dependência do produto estrangeiro, situação que pode prejudicar, principalmente, os consumidores dos derivados de trigo, e coloca em risco a competitividade da produção de milho e de soja. Nos últimos cinco anos o Brasil gastou U$$ 7,6 bilhões com a importação de trigo o que corresponde mais de U$$ 1,5 bilhão por ano.
Medidas Prioritárias - Confira a seguir algumas ações sugeridas pelo setor produtivo ao governo federal para solucionar a falta de liquidez do trigo:
•· Apoio à comercialização através de leilões PEP, de contratos de opção de venda e aquisições do governo federal (AGF) e reajuste do preço mínimo. A quantidade de trigo que vai ser apoiada na safra via leilões de PEP deve ser anunciada com 60 dias de antecedência ao plantio;
•· Realização de empréstimos do governo federal com opção de venda (EGF/Cov) para e garantir ao produtor o amparo de pelo menos 50% da produção anual;
•· Criação de um programa de financiamento para o setor moageiro adquirir a produção nacional com as mesmas taxas de juros e prazos concedidos nas importações de trigo;
•· Ajuste da Tarifa Externa Comum - TEC - para o trigo e seus derivados para no mínimo 35%, limitação das importações anuais a 50% do consumo interno, restringido-as ao período entre 01 de fevereiro e 31 de agosto, e não permissão de importação entre 01 de setembro a 31 de janeiro;
•· Estabelecimento de tarifa compensatória sobre mesclas e farinha de trigo importadas.
•· Suspensão da autorização automática de importação do grão e da farinha de trigo.
Evolução - Abaixo a evolução das importações de trigo
Importações brasileiras de trigo (2009 - 2010)
2010
2009
Mudança Volume 2010/2009
Período
FOB (1000 US$)
Volume (t.)
US$/t.
FOB (1000 US$)
Volume (t.)
US$/t.
Agosto
126.895
533.870
238
92.455
371.153
249
44%
Setembro
133.885
545.316
246
90.626
367.778
246
48%
Outubro
102.141
379.851
269
76.406
313.908
243
21%
Novembro
121.770
426.767
285
92.638
413.560
224
3%
Ago. - Nov.
484.690
1.885.804
257
352.125
1.466.399
240
29%
Jan. - Nov.
1.383.926
5.816.833
238
1.087.938
4.911.734
221
18%
Fonte: SECEX/MDIC - Elaboração: Getec/Ocepar
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