TRIGO I: Setor produtivo quer implantação de nova política para a cultura

Um documento com propostas para reverter a situação da cultura do trigo no Brasil foi apresentado por representantes do setor produtivo da região Sul ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, na manhã desta quarta-feira (15/12), em Brasília (DF). Participaram da audiência o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski; o secretário de Estado da Agricultura do Paraná, Erikson Chandoha; o vice presidente da Faep, João Luiz Biscaia; o secretário da Agricultura de Santa Catarina, Enori Barbieri; o presidente da Fecoagro (RS), Rui Polidoro; o deputado federal Moacir Micheletto; o superintendente do Mapa no Paraná, Daniel Gonçalves; o secretário de Política Agrícola do Mapa, Edilson Guimarães e o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário do Mapa, José Maria dos Anjos.

Objetivo - "Queremos que seja implantada efetivamente uma política agrícola para a cultura do trigo, já que há uma expectativa de que ocorra uma redução de, no mínimo, 10% na área cultivada da próxima safra, devido aos problemas registrados anteriormente, como a redução do preço mínimo anunciada pelo governo quando os produtores paranaenses já haviam plantado cerca de 90% da safra; o não cumprimento do preço mínimo e a falta de apoio na comercialização em safras passadas", explicou o presidente da Ocepar. 

 

Garantias - Koslovski destacou quatro pontos básicos que estão sendo reivindicados pelo setor produtivo. "Desejamos políticas públicas que assegurem o pagamento do preço mínimo. Também, a cobertura para as perdas, tanto sobre a produção, como em cima do produto, caso ocorra uma perda de qualidade por intempéries climáticas, por exemplo. Consideramos ainda importante a definição de instrumentos que cerceiem a ação predatória externa de importação de trigo, que tem prejudicado os nossos produtores e também propusemos o diálogo permanente com o governo federal para solucionar os gargalos que dificultam o desenvolvimento da nossa triticultura".

 

Avaliação - Na avaliação do presidente da Ocepar, a reunião foi produtiva. "Há uma sensibilidade por parte do ministro em implantar uma política para o trigo no sentido de melhorar o amparo aos produtores. Isso nos dá um novo ânimo", afirmou Koslovski. Ainda de acordo com ele, na audiência com o ministro ficou definido que, na próxima segunda-feira (20/12), uma equipe técnica irá analisar detalhadamente item por item do documento apresentado nesta quarta e encaminhar as discussões. "Sessenta dias antes do início do plantio da próxima safra deverá ser apresentada uma proposta com todos os mecanismos da política do trigo", acrescentou Koslovski.

 

Números - Os estados do Sul são responsáveis por 90% da safra nacional de trigo. O Paraná é o maior produtor do País e colheu 3,2 milhões de toneladas em 2010, o que corresponde a quase 60% das 5,7 milhões de toneladas da produção nacional. O Brasil consome por ano 10,5 milhões de toneladas do cereal. Para cobrir a demanda, importa de países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos e Canadá. Na avaliação dos representantes do setor produtivo, o estabelecimento de uma política de proteção à produção brasileira é questão de segurança nacional, pois evitará a perigosa dependência da importação do produto que, persistindo, poderá prejudicar especialmente os consumidores dos derivados de trigo e colocar em risco a competitividade da produção de milho e de soja na safra de primavera/verão.

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