TRIGO: Importação do Canadá ou EUA pode deixar farinha mais cara
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O fechamento das licenças de exportação de trigo pelo governo da Argentina deve direcionar as importações brasileiras aos EUA e Canadá, anunciou o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Paraná, Rolland Guth. No ano passado o Brasil importou cerca de US$ 1 bilhão de trigo argentino - cerca de 6,5 milhões de toneladas, quase três vezes a quantidade produzida no Brasil, de aproximadamente 2,2 milhões de toneladas. “Essa dependência é negativa e pode comprometer a segurança alimentar. O ideal seria que o Brasil produzisse pelo menos a metade do trigo que consome”, comentou Guth. O consumo nacional de trigo é de aproximadamente 10,4 milhões de toneladas por ano. Segundo Guth, falta uma política brasileira mais clara para o trigo, de médio e longo prazo, que atraia os produtores rurais.
Custo maior - Sobre a alta do preço do produto, Guth destacou que trazer o grão dos Estados Unidos e do Canadá é mais caro do que comprar da Argentina. “Além disso, há a TEC (Tarifa Externa Comum) e um adicional de 25% sobre o frete”, assinalou. O aumento de custo deve ser sentido até meados de setembro, quando se intensifica a colheita do trigo no Brasil. O Paraná possui o segundo maior parque moageiro do País, com aproximadamente 40 indústrias e capacidade de processar até 1,8 milhão de toneladas de trigo por ano -desse volume, 75% é transformado em farinha e o restante em farelo. Para este ano, a previsão do sindicato é processar cerca de 1,4 milhão de toneladas.
Redução da área - No Paraná, maior produtor nacional de trigo, houve uma pequena redução de área plantada com trigo para esta safra, passando de 880 mil hectares para 847 mil (queda de 3,7%), segundo dados do Departamento Rural de Economia (Deral) da Seab. No ano passado, a produção paranaense do grão foi de apenas 1,2 milhão de toneladas. Para este ano, a previsão é que o Paraná produza 2,055 milhões de toneladas de trigo - volume 4,5% menor do que a previsão inicial.
Estoque mundial baixo - Não é apenas o Brasil que tem que se preocupar em elevar a produção de trigo. Em nível mundial, o estoque do grão é um dos mais baixos dos últimos 25 anos: cerca de 116,6 milhões de toneladas. Segundo Otmar Hubner, do Deral, a situação só é melhor do que a safra 81/82, quando o estoque mundial do trigo era de 112,5 milhões de toneladas. “Outro dado que preocupa é a relação entre o estoque e o consumo, uma das mais baixas da história”, destacou o engenheiro agrônomo. Em outras palavras, o consumo está aumentando e a oferta não consegue acompanhar. Atualmente, segundo Hubner, a relação é de 19%. “A mais baixa, até então, era de 21%, entre 30 e 40 anos atrás”, apontou.
Preços - O preço médio do produto está em R$ 27,09 a saca, contra R$ 19,42 um ano atrás. Em setembro último, no início da comercialização, a saca do trigo custava R$ 22,00 em média e passou para R$ 26,00 em outubro, para R$ 27,54 em novembro e caiu para R$ 26,30 em dezembro. (Paraná online)