TRIGO: País prefere importar o cereal

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A suspensão da tarifa de importação de trigo, justo no momento em que os produtores brasileiros planejam a próxima safra, vai desencorajar o plantio, mas não reduzirá significativamente a produção. A avaliação é de especialistas que consideram que os preços em alta compensam os efeitos da decisão do governo.

Notícia ruim - "A tarifa zero é mais uma notícia ruim. O produtor está acostumado com isso quando o assunto é a política brasileira para o trigo. Mas a produção deve ser maior que a do ano passado, porque os preços internacionais estão bons", afirma o gerente de Mercado da Castrolanda, Márcio Copacheski. A cooperativa espera que os produtores confirmem o plantio de 18 mil hectares de trigo, 3 mil a mais que no ano passado. A programação deve ser fechada no final de fevereiro e a semeadura começa em março.

Argentina - A Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% foi eliminada por decisão da Câmara de Comércio Exterior (Comex), válida até 30 de junho. Os moinhos brasileiros poderão importar até 1 milhão de toneladas de trigo de países de fora do Mercosul sem pagar os 10% que eram cobrados até o mês passado. O principal fornecedor continuará sendo a Argentina, que integra o bloco e já tem tarifa zero. Nos próximos quatro meses, o país vizinho deve vender ao Brasil 2 milhões de toneladas de trigo.

Precedente ruim - "A redução da tarifa pela Comex abriu um precedente ruim. O produtor tende a ficar sempre sujeito a altos e baixos", prevê o assessor econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. "Quando o preço do trigo estava lá embaixo, o governo não fazia nada", critica.

Reivindicações - Os produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul - responsáveis por metade e por um terço da produção nacional de trigo, respectivamente - criaram um grupo para apresentar reivindicações ao governo federal antes do plantio. Eles querem que o preço mínimo seja elevado de R$ 400 para R$ 500 a tonelada. Com o aumento dos custos, os R$ 400 passam a representar prejuízo, alegam. Reivindicam ainda que os juros sejam reduzidos de 6,75% para 4,5% ao ano no custeio. A manutenção da TEC estava na lista de pedidos, mas foi contrariada antecipadamente. O governo federal ainda não se posicionou sobre essas questões.

Produção - As previsões oficiais são de que o país produza pelo menos o mesmo volume de trigo do ano passado: 3,8 milhões de toneladas. Em 2007, o Paraná colheu 1,85 milhão de toneladas de trigo - 53% a mais, apesar da redução de 7% na área de cultivo, para 820 mil hectares. O clima foi menos problemático que em 2006 e rendeu grãos de boa qualidade, que alcançaram bons preços. Hoje, a tonelada é vendida a até R$ 650 em Castro, preço que anima o setor. (Gazeta do Povo/Caminhos do Campo)

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