TRIGO: Pressão internacional aumenta preços

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A redução dos estoques mundiais de trigo e a alta dos preços no mercado internacional, que no mês passado atingiram o maior valor dos últimos 11 anos, já se refletiram no preço pago ao produtor no mercado interno e começam a pressionar a indústria a repassar o aumento dos custos ao consumidor. O setor estima um reajuste médio de 15% no preço da farinha de trigo, mas há possibilidade de que essa variação seja ainda maior, já que os moinhos brasileiros terão de importar trigo de fora da Argentina nos próximos meses. O preço pago ao produtor no Paraná, por saca de 60 quilos, é de R$ 25,78. Esse valor corresponde a uma alta de de 32,7% em relação ao valor pago em junho do ano passado. Em dólares, o preço atual corresponde a US$ 14 a saca, contra uma média histórica de US$ 8, de acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Otmar Hubner.

Valores - O produtor não recebia um valor tão alto desde 1986, segundo ele. “Mas não dá para dizer que é um preço tão bom, porque os custos de produção do trigo são muito altos e chegam hoje a R$ 35,00 por saca”, afirma. Segundo ele, a remuneração ao agricultor poderia ser melhor, mas o dólar está em um valor muito baixo. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Trigo no Paraná, Rolando Guth, os estoques mundiais são os menores dos últimos 20 anos. Esse valor seria hoje de 110 milhões de toneladas, quando o normal é 150 milhões. Segundo ele, os preços na Argentina, que fornece cerca de 60% do trigo consumido no Brasil, estão 67% superiores aos praticados em junho do ano passado. Um problema adicional para o Brasil é a decisão do governo da Argentina, principal fornecedor de trigo, de limitar as exportações. “O país terá de buscar trigo em outros países para se abastecer, e isso significa custo maior”, disse.

Safra do Estado - A safra do Paraná, maior produtor nacional, que deve produzir neste ano 2,5 milhões de toneladas de trigo, só estará disponível a partir do final de agosto. A estiagem no campo preocupa o produtor. Esse problema causou a quebra de produção no ano passado, e o Paraná colheu apenas 1,2 milhão de toneladas de trigo. O empresário Romeu Massignan, diretor do moinho Molino Rosso, conta que o trigo do Paraná custa em torno de R$ 530 a R$ 570 a tonelada CIF (valor da mercadoria incluindo o frete e o seguro) para a indústria. O trigo argentino varia entre R$ 590 e R$ 610, enquanto o norte-americano, de R$ 670 a R$ 690. “A alternativa para o Brasil será comprar dos Estados Unidos ou do Canadá, e o mercado já está especulando com isso, o que afeta ainda mais o preço”, explica. Mesmo com o início da colheita paranaense os moinhos terão de dar preferência ao produto importado. “O reajuste deve ocorrer, mas não é nada assustador. O que ocorre é que o mundo inteiro terá seus índices de inflação impactados pelo aumento do preço do trigo”, acrescenta.

Consumidor - A valorização do trigo ainda não causou efeitos no bolso do consumidor, pelo menos nos dados que se referem até maio. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje os dados de inflação referentes a junho e o custo deve aparecer. Entre janeiro e maio deste ano, o preço das farinhas, féculas e massas apresentou queda de 1,24% em Curitiba e alta de 3% na média nacional, em relação aos cinco primeiros meses de 2006. Os panificados tiveram alta de 0,76% na capital paranaense e de 1,12% no Brasil. (Gazeta do Povo online) 

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