TRIGO: Sistema Ocepar e Faep se posicionam contra eliminação da TEC

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

No momento em que os produtores brasileiros iniciam a colheita de uma nova safra de trigo, a indústria começa um movimento tentando eliminar a TEC - Tarifa Externa Comum do trigo, hoje em 10%, sobre a importação do cereal, sob o pretexto de reduzir o preço de importação para o trigo oriundo de países fora do Mercosul. Se aprovada, a medida pode prejudicar os produtores brasileiros, já que dificulta a concorrência com os produtos importados, principalmente os subsidiados na origem, como é o caso do trigo argentino.

Não às mudanças - Numa manifestação contrária à investida das indústrias, o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, e o presidente da Federação da Agricultura do Paraná, Ágide Meneguette, encaminharam um pedido ao presidente Lula, para que a regra atual da TEC seja mantida, evitando, assim, que em momentos de alteração de preços, os produtores nacionais sejam prejudicados pela concorrência com produtos importados e subsidiados na origem. A solicitação também foi encaminhada aos ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), Guido Mantega (Fazenda) e Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Perdas de safras - Os produtores de trigo do Brasil sofreram prejuízos em três safras consecutivas - 2004, 2005 e 2006, em razão da estiagem e dos preços deprimidos pela política cambial. "Agora, quando se vislumbra preços melhores, não é justo que se busquem novas formas de deprimi-los", argumentam os presidentes no documento de solicitação encaminhado ao presidente Lula.

Produção - Segundo levantamento da Conab, a safra 2007/08 de trigo está em fase inicial de colheita, com produção estimada em 3,8 milhões de toneladas. Os técnicos confirmam a retomada da área e a recuperação da produtividade em relação à safra anterior que, por problemas de geadas e seca no Paraná e no Rio Grande do Sul, principais produtores nacionais, foi de 2,2 milhões de toneladas. Os dois estados produzem, respectivamente, 1,9 milhão de toneladas e 1,6 milhão de toneladas. No entanto, apesar do crescimento projetado, o Brasil continua dependente do cereal importado, registrando um consumo interno de 10,5 bilhões de toneladas, volume bastante superior à produção nacional.

Reação aos subsídios - O principal fornecedor de trigo para o Brasil é a Argentina. No entanto, a relação com o país vizinho também não é das melhores. A briga com a Argentina envolve também as indústrias nacionais que, inclusive, anunciaram esta semana que irão entrar com processo antidumping contra os moinhos argentinos para questionar as exportações subsidiadas de farinha de trigo e pré-mistura para o país. O processo está sendo estruturado por um escritório de advocacia no Rio de Janeiro.

Negociações frustradas - A decisão foi tomada depois de inúmeras tentativas frustradas de negociação entre o setor moageiro e o governo para barrar a entrada da farinha de trigo e pré-misturas da Argentina. Desde 2002, os argentinos impõem uma tarifa de exportação para trigo e seus derivados. Para a farinha e pré-mistura, a alíquota é de 10%. Para o trigo em grão, 20%. Há rumores de que a tarifa para o trigo em grão seria elevada novamente. Com essa diferença, vale mais a pena importar farinha ou pré-mistura.

Medidas compensatórias - Os moinhos querem que seja colocado um imposto de importação sobre a farinha da Argentina, processo semelhante ao que o Chile fez em 2006 em relação ao trigo oriundo do país vizinho. Os chilenos taxam o cereal argentino em 33%. "Queremos medidas compensatórias", diz Luiz Martins, presidente do Sindustrigo (Sindicato da Indústria do Trigo de São Paulo). De acordo com Martins, o documento que está sendo preparado pelo escritório contratado pelo setor deverá ser apresentado ao governo nos próximos dias.

Preços - Os preços do trigo no mercado internacional estão batendo sucessivos recordes, por conta do desequilíbrio entre a oferta e demanda global. Quebras na safra da Austrália, Argentina e de países da Europa estão dando suporte às cotações do trigo. Na bolsa de Chicago, os contratos do trigo para dezembro encerraram o dia a US$ 8,3550 o bushel, com alta de 30 centavos. Na bolsa de Kansas, os contratos para dezembro fecharam a US$ 7,9125 o bushel, com alta de 30 centavos. No mercado interno, as cotações do trigo em grão já atingem R$ 640 a tonelada no Paraná, uma alta de 40% sobre igual período do ano passado. "Cerca de 70% dos custos para produção da farinha são o trigo. Os preços do trigo da Argentina subiram 50% nos últimos meses", diz. (Imprensa Ocepar e com informações do Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados