TRITICULTURA:Dirigentes solicitam R$ 1,3 bi para ampliar área de trigo no Brasil
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Aumento no volume de recursos para R$ 1,3 bilhão, reajuste de 25% no preço mínimo do trigo e redução nos juros de custeio de 6,75% para 4,5%. Estas são algumas das propostas de estímulo à produção e comercialização de trigo elaboradas pelas entidades representativas integrantes da Câmara Nacional das Culturas de Inverno e que foram entregues ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, nesta segunda-feira (21/01), em Brasília. O documento com as propostas foi passado às mãos do ministro por uma comitiva composta pelo presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, e pelos presidentes do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, e da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS), Rui Polidoro. Também participam da audiência com o ministro os secretários de Estado da Agricultura do Paraná e do Rio Grande do Sul, Valter Bianchini e João Carlos Machado, e o presidente da Farsul, Carlos Rivaci Sperotto.
Aumento da área - O documento, que leva ainda a assinatura do presidente da Faep, Ágide Meneguette, traz uma série de sugestões para serem incorporadas no Plano Safra 2008 Trigo. O objetivo é aumentar a área plantada de trigo no país de 1,8 milhão para 2 milhões de hectares e, desta forma, garantir pelo menos 50% do consumo nacional (10,5 milhões de t). Atualmente, o índice não chega a 40%. Com o aumento dos recursos para custeio, espera-se obter o cultivo com orçamento analítico de custeio de R$ 810,00/ha e financiamento de 80% da área. "O reajuste no preço mínimo dos atuais R$ 400,00/toneladas para R$ 500,00/tonelada viabiliza os custos operacionais de produção e, certamente, irá estimular os produtores a plantarem", explica o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski. Segundo ele, o seguro rural é outra preocupação dos produtores. "O documento sugere aumentar o subsídio ao prêmio de 60% a 75% do plantio e adotar cobertura mínima de 70% da produtividade média histórica", revela.
Comercialização - Além da manutenção dos atuais mecanismos de comercialização (PROP, PEP, EGF, AGF, Contrato de Opção e LEC), as propostas incluem ainda a regulamentação da entrada de farinha Argentina (tarifa compensatória). "A política adotada pelo governo da Argentina prejudica, especialmente, a indústria moageira da Região Sul e, em decorrência, o produtor", argumentam as entidades no documento entregue ao ministro Stephanes. Outra sugestão importante para dar garantia de preços ao produtor é a manutenção da Tarifa Externa Comum (TEC) para o trigo e seus derivados.
Produção - A produção brasileira de trigo, em 2007, foi de 3,80 milhões de toneladas sendo que o Paraná participou com cerca de 49 % do total colhido, com 1,85 milhão de toneladas, seguido pelo Rio Grande do Sul com 40%. Nos estados do Sul predominam as pequenas e médias propriedades, com área média de 15,0 hectares, as quais têm no trigo um importante componente de sua viabilização e renda. A área plantada no país já foi maior. Em 1979, os produtores brasileiros semearam 3,83 milhões de hectares de trigo, mas após um período de significativo declínio, a área foi reduzida a metade. Em 2007, foi plantado 1,81 milhão de hectares de trigo.
Potencial - Sem produção suficiente para garantir o abastecimento interno, o Brasil se vê obrigado a importar trigo, gastando com isso cerca de US$ 1 bilhão/ano, que foi o valor gasto com importações de trigo e farinha em 2006. A quase totalidade das importações brasileiras vem da Argentina, o que torna o país dependente e refém das políticas internas do país vizinho. Para proteger os produtores e a indústria nacional, também foi entregue ao ministro Stephanes, na audiência de hoje, uma solicitação assinada por Rui Polidoro, coordenador da Câmara Setorial de Cereais de Inverno, com o pedido de imposição de uma tarifa de importação de 33,5% para as farinhas de trigo e misturas preparadas de farinha de trigo originárias da Argentina.