TRITICULTURA: Mapa estudará propostas do setor produtivo de trigo

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O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) irá avaliar as propostas de estímulo à produção e comercialização de trigo, elaboradas pelas entidades representativas que integram a Câmara Nacional das Culturas de Inverno e que foram apresentadas ontem (21/01), em Brasília (DF). O ministro Reinhold Stephanes recebeu da comitiva, formada pelo presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, e da OCB, Márcio Lopes Freitas, e pelos secretários da Agricultura do Paraná e do Rio Grande do Sul, Valter Bianchini e João Carlos Machado, um documento com sugestões para serem incluídas no Plano Safra 2008 Trigo.   A reunião contou ainda com a participação de Rui Polidoro, presidente da Fecoagro (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul) e coordenador da Câmara Nacional das Culturas de Inverno, e de um representante da Federação da Agricultura do estado do Rio Grande do sul (Farsul).

Avaliação - "É necessário debater um protocolo de compromissos entre o setor tritícola, visando ampliar a produção de trigo no país", disse o presidente do Sistema Ocepar João Paulo Koslovski. Na sua avaliação, a audiência de ontem foi bastante positiva. "O ministro Stephanes demonstrou pró-atividade na busca de uma solução para a questão. Ele solicitou um estudo para analisar as medidas propostas e demonstrou entendimento quanto à necessidade de preservar a triticultura nacional e resgatar o protocolo que estabelece o compromisso de todos os setores ligados ao trigo. O ministro ainda apelou que os técnicos ultimem os estudos para estabelecimento de uma política para as culturas de inverno, para que possa anunciar as regras para a cadeia do trigo nacional em 2008", disse.

Pleitos - A meta dos triticultores brasileiros é ampliar a área de plantio do trifgo no Brasil, de 1,8 milhão para 2 milhões de hectares, e aumentar a produção nacional de trigo para atender, no mínimo, 50% da demanda interna. A produção da safra 2007/2008 foi de 3,8 milhões de toneladas de trigo e o Brasil consumiu 10,5 milhões de toneladas. Para atingir o objetivo proposto, o setor pleiteia a elevação de 25% do preço mínimo do trigo tipo 1, hoje fixado em R$ 400 por tonelada. "O ministro Stephanes afirmou que o pedido será avaliado pela equipe técnica do Mapa para posterior encaminhamento ao Ministério da Fazenda", afirmou Koslovski. Os pleitos do setor incluem ainda uma linha de crédito de R$ 1,3 bilhão para o custeio da safra, a ser plantada em 2008, bem como o aumento e a flexibilidade do seguro rural. O documento entregue ao ministro sugere que o subsídio ao prêmio passe de 60% para 75% do plantio e adoção da cobertura mínima de 70% da produtividade média histórica.

Juros - A redução nos juros de custeio de 6,75% para 4,5% é outra reivindicação do setor. Reinhold Stephanes considerou difícil o atendimento a esse pleito, uma vez que o Plano Agrícola e Pecuário da safra 2007/2008 já reduziu os juros do crédito rural de 8,75% para 6,75%.  O Secretário de Política Agrícola do Mapa, Edilson Guimarães, que também participou do encontro, disse que a proposta de política agrícola para o trigo é divulgada anualmente no mês de março, juntamente com as definições para as culturas de inverno, e que a equipe do Mapa está atenta aos pleitos dos produtores.

Argentina - As propostas do setor contemplam ainda medidas para proteger o produtor brasileiro contra a concorrência predatória praticada por países que subsidiam suas exportações. Este é o caso da Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil, mas que vem sistematicamente adotando medidas de incentivo para a agregação de valor ao grão via estímulo para a exportação de farinha e pré-misturas, com a fixação de tarifa de 28% na exportação do grão e de 10% nos derivados. Como resultado, a participação da farinha de trigo argentina no mercado interno de trigo passou de 3% para 10%. "Em 2007, o Brasil importou 640 mil toneladas, o que perfaz 1 milhão de toneladas de grãos de trigo. Isto prejudica sobremaneira a triticultura nacional", disse Koslovski, revelando que Stephanes solicitou ao Ministério um aprofundamento na questão.

Tarifa compensatória - A sugestão proposta para o Mapa é estabelecer uma tarifa compensatória com um percentual que neutralize as vantagens concedidas na origem, atualmente em 35% (cálculo da Abitrigo), para a farinha de trigo e pré-mistura de farinhas importadas da Argentina. Outra sugestão é manter a atual Tarifa Externa Comum (TEC) para o trigo e seus derivados com o objetivo de tornar consistente a política agrícola e de comércio exterior para esses produtos.

Cevada e aveia - Durante a audiência, Koslovski pediu ainda atenção para a fixação de uma política consistente para as culturas da cevada e aveia, nos mesmos moldes da vigente para o trigo. As propostas do setor incluem o aumento dos limites para financiamento de custeio dos atuais R$ 100.000,00 para R$ 200.000,00 para a aveia e R$ 300.000,00 para a cevada, reajuste do preço mínimo, zoneamento agrícola para a aveia e seguro agrícola.

Documento - Clique aqui e confira os documentos com todas as propostas apresentadas ao ministro Reinhold Stephanes.

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