TRITICULTURA: Plano plurianual para o trigo será concluído até dia 25

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Um plano para que a triticultura brasileira volte a crescer começou a ser formatado na quinta-feira (06/03). Representantes dos produtores, do governo e da indústria na cadeia produtiva do trigo reuniram-se na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, para discutir um planejamento de ações para os próximos cinco anos. A meta é fazer com que a produção nacional responda por 60% da demanda do país até 2012, atingindo 7,1 milhões de toneladas. A reunião foi aberta pelo superintendente da Ocepar, José Roberto Ricken, que citou um dos pontos principais para impulsionar a triticultura. "O produtor brasileiro precisa ter garantia de renda e liquidez na comercialização do trigo. É necessário mais segurança para que os agricultores possam intensificar a produção, diminuindo os impactos negativos da importação para o país", disse.

Produção - Em 2007, a produção nacional atendeu a 37% do consumo, obrigando o país a importar 7,4 milhões de toneladas de trigo e farinha, o que gerou um custo na balança comercial de US$ 1,6 bilhão. "Ajustes serão feitos, com sugestões de todos os representantes da cadeia do trigo, para que tenhamos já em abril um protocolo de ações que poderão ser implementadas ainda para esta safra de inverno", lembrou o gerente técnico e econômico da Ocepar, Flavio Turra.

Preço - Houve consenso entre os representantes da cadeia do trigo, com a necessidade de garantia de preço ao produtor e também na reivindicação unânime da quebra do monopólio da navegação de cabotagem em águas brasileiras. As propostas para o protocolo debatidas na Ocepar determinam que cada setor irá cumprir um conjunto de ações específicas. O sistema cooperativista vai divulgar as medidas do plano plurianual, atuar na organização do setor produtivo do trigo, colocar a estrutura de armazenagem das cooperativas à disposição, para facilitar a separação do produto por qualidade, e utilizar toda a tecnologia disponível para a eficiência produtiva.

Mapa - A reunião, convocada pelo Ministério da Agricultura (Mapa), foi sugerida ao ministro Reinhold Stephanes durante uma audiência com o setor produtivo em janeiro deste ano, ocasião em que foi entregue uma proposta do setor para o Plano Safra de Trigo. Participaram do encontro na Ocepar o coordenador da Cadeia Produtiva do Trigo e Culturas de Inverno do Mapa, Rui Polidoro, o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário, José Maria dos Anjos, o diretor do Departamento de Assuntos Comerciais, Benedito Rosa do Espírito Santo e o coordenador geral, Silvio Farnese, todos do Mapa, e Francisco Simioni, chefe do Deral da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná. Também estiveram presentes o diretor do Banco do Brasil, José Carlos Vaz, a técnica de apoio ao Desenvolvimento de Mercados da Gerência Técnica da OCB, Flávia Andrade Zerbinato Martins, além de representantes da indústria de Trigo, cooperativas, CNA, Faep, Ctrin, Apasem, Abrasem, Embrapa Trigo, Iapar, Fecoagro/RS e dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Opiniões - Para o coordenador da Cadeia Produtiva do Trigo e Culturas de Inverno do Mapa, Rui Polidoro, a reunião foi objetiva e importante. "É uma seqüência a um pleito que havíamos levado ao ministro Stephanes, que criou uma equipe interna de trabalho para debater com todas as entidades, indústria, produtores, pesquisa, armazenagem, da cadeia do trigo. Vamos formatar o plano nos próximos dias, assinar e divulgar. São definições fundamentais para o setor e o agricultor tenha um horizonte de segurança na triticultura."

Envolvimento - Já o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário do Mapa, José Maria dos Anjos, acredita que o protocolo de intenções em discussão vai garantir a produção de trigo, para que a triticultura nacional alcance o objetivo de até 2012 responder por 60% do consumo brasileiro de trigo. "Muito positivo envolver todos os elos da produção e o governo. Existem alguns gargalos preocupantes, o do produtor é a liquidez na comercialização e, portanto, o governo tem que atuar através dos mecanismos tradicionais de apoio e programas de equalização de preços, prêmio de escoamento de produto, prêmio de equalização ao produtor, entre outros. Do lado do governo, as questões que fazem parte da agenda da secretaria de política agrícola, abrangem problemas de infra-estrutura, por exemplo, cabotagem, adicional de frete da marinha mercante, e entraves logísticos e tributários, que vamos tentar destravar e aperfeiçoar através do protocolo."

Parceria permanente - Para o assessor da Abitrigo, Reino Pecala Rae, a reunião foi produtiva. "É preciso parceria permanente para resolver distorções da triticultura. É um absurdo transportar para o Brasil trigo da Argentina e da Austrália por um preço mais barato que do Paraná e Rio Grande do Sul. O monopólio que uma meia dúzia de navios exercem na navegação de cabotagem tem que acabar. O problema da invasão da farinha argentina, país que confere dupla proteção ao trigo, que chega ao moinho mais barato, são distorções que devem ser resolvidas. Todos buscamos e queremos ter estabilidade para trabalhar", disse.

Potencial brasileiro - Segundo Gilberto Cunha, chefe-geral da Embrapa Trigo, o Brasil tem terra, clima, tecnologia e domínio tecnológico para ampliar a produção de trigo. "Temos ainda produtores experientes, somos competitivos, e no trigo nós podemos construir uma história muito diferente do que a realidade atual. Mas isso exige ação para consolidar uma triticultura brasileira com identidade, que conquiste a confiança dos mercados com regularidade e qualidade na produção."

Possibilidades - Para Benedito Rosa do Espírito Santo, diretor de Departamento Comercial do Mapa, o evento foi oportuno e importante. "O cenário mundial referente a abastecimento e preço de trigo indica um mar de possibilidades para os países que tem condição de ocupar espaço, diante de um quadro de desabastecimento mundial. Mas é preciso envolver toda a cadeia produtiva num esforço conjunto, de forma que possamos trilhar outros caminhos e deixar de ser totalmente vulnerável ao fornecimento mundial. A navegação de cabotagem é um tema preocupante. Existe monopólio no transporte marítimo brasileiro. Isso significa encarecimento do custo de transporte, dificulta o escoamento do trigo paranaense para regiões mais distantes, em favor do produto importado. É um contra-senso. É preciso quebrar este monopólio".

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