VIAGEM DE IMERSÃO

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Nesta edição do informe publicamos mais uma reportagem produzida pelos profissionais da imprensa que participaram da viagem de imersão durante o Fórum de Jornalistas e Comunicadores das Cooperativas do Paraná, realizado nos dias 28 e 29, em Campo Mourão. A reportagem que publicamos a seguir foi produzida pelo jornalista Miriam Gasparim, do jornal “Gazeta do Povo”.

Empresas mantêm investimentos


AGRONEGÓCIO - Setor viu faturamento cair, mas projetos de expansão continuam de pé


A estiagem que provocou quebra de 21% nas safras de soja e de milho no Paraná, aliada aos baixos preços das principais commodities e ao câmbio defasado, está provocando estragos no faturamento das cooperativas paranaenses. Mesmo assim, os investimentos não foram interrompidos.A Coamo deve ter seu faturamento reduzido este ano em relação a 2004 em 30%. Segundo o presidente da Coamo, Aroldo Galassini, as exportações da cooperativa este ano deverão somar US$ 350 milhões, contra US$ 500 milhões alcançados em 2004. No ano passado, a Coamo faturou R$ 4 bilhões.

Faturamento - Também a Cooperativa Agrária Mista Entre Rios estima perdas na rentabilidade. Em 2004, a Agrária faturou R$ 758 milhões e teve lucro líquido de R$ 73 milhões. Para este ano, a estimativa é de uma lucratividade ao redor de R$ 60 milhões, adianta o diretor financeiro da cooperativa, Arnaldo Stock. O superintendente da Cocamar, Celso Carlos dos Santos Júnior, prevê para 2005 a manutenção do faturamento de R$ 1,2 bilhão registrado no ano passado, embora no primeiro semestre do ano as vendas tenham caído entre 25% e 30%. A grande aposta da cooperativa está na industrialização de produtos. A Cocamar está investindo firme no desenvolvimento de novos produtos a base de soja, vai avançar na fabricação de farinha de trigo e já tem condições de produzir vinagre e álcool.

Diversificação - A cooperativa também está estimulando o plantio de novas frutas como goiaba, maracujá, uva rústica, tangerina e manga. Em 2004 a Cocamar investiu nas suas fábricas R$ 30 milhões e este ano o valor aplicado deve chegar a R$ 20 milhões.A Coamo está construindo um novo armazém no Porto de Paranaguá com capacidade para 72 mil toneladas. Entre 2004 e 2006, a cooperativa de Campo Mourão estará investindo R$ 140 milhões na ampliação da capacidade de armazenagem. A Cooperativa Agrária Entre Rios tem projeto para ampliar a maltaria de 135 mil para 200 mil toneladas. Para abastecê-la, ela fará um programa de expansão da cultura da cevada na região de Guarapuava. Segundo o diretor financeiro da Agrária, Arnaldo Stock, a cooperativa aguarda a aprovação do projeto de R$ 80 milhões, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com a ampliação, a Agrária passará a responder por 20% da demanda nacional de malte.

Lavoura de soja: Coamo prevê que 95% da produção será transgênica.


Diretores das principais cooperativas do Paraná estão negociando com importadores da Europa um preço diferenciado para a soja convencional. A Cocamar, de Maringá, a Cooperativa Agrária Entre Rios, de Guarapuava, e a Coamo, de Campo Mourão, querem que os compradores que exigirem grãos sem mistura com transgênicos banquem o custo maior das lavouras convencionais.Segundo o presidente da Coamo, Aroldo Galassini, a cooperativa está tentando junto aos seus 12 compradores europeus um ágio entre 15% e 20% na soja convencional. Galassini diz que os acordos terão de ser fechados no máximo até outubro, pois em novembro começa o plantio da soja. O ágio, na avaliação do presidente da Coamo, é necessário porque a liberação dos transgênicos fez aumentarem os custos de segregação e rastreabilidade.

As exportações de soja da Coamo chegarão a 2,4 milhões de toneladas neste ano, sendo que 1,1 milhão de toneladas têm como destino a França e a Alemanha. Ele destaca que 85% da soja negociada atualmente na Europa é transgênica. Alguns clientes, como o francês Carrefour, preferem o produto convencional, mas ainda não concordaram com o sobrepreço. A previsão de Galassini é que, dentro de dois a três anos, 95% da soja produzida no Paraná será transgênica. Os 5% que restarem da convencional serão disputados por quem pagar mais. Para o superintendente comercial e industrial da Cocamar, de Maringá, Celso Carlos dos Santos Júnior, o atraso na aprovação da lei de biossegurança e o veto à exportação de soja transgênica pelo Porto de Paranaguá provocaram prejuízo aos produtores e cooperativas.

A mesma análise é feita pelo diretor financeiro da Agrária, Arnaldo Stock. Ele conta que os importadores não tinham interesse em pagar mais pela soja convencional porque a proibição dos transgênicos garantia a oferta. Com a lei a situação começa a mudar. Stock prevê para os próximos anos um mercado diferenciado para a soja, cabendo 1% para o grão orgânico, 10% para o convencional e 89% para o transgênico. Para a safra 2005/2006 deverá faltar semente de soja transgênica, alerta Galassini. Ele estima que serão plantadas 150 mil sacas de sementes geneticamente modificadas, numa área de 150 mil hectares. Galassini estima que no Sul do Paraná 50% da produção de soja é transgênica. Em Campo Mourão, onde fica a sede da Coamo, este porcentual chega a 20%. (Gazeta do Povo)

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